No último post, tinha perguntado se, em Paços de Ferreira, teríamos Benfica...
A resposta foi um esclarecedor... nim.
De facto, a equipa foi séria, objectiva, relativamente eficaz e, no fundo, cumpriu a sua missão, que era vencer e colocar-se em vantagem para o jogo da 2ª mão, a disputar dentro de... cerca de dois meses e meio(!!!).
Vencer por 2-0 na Mata Real, num jogo para uma competição a eliminar, não é mau. O menos bom foi, mesmo, a exibição realizada, assinada num formato de serviços mínimos exigidos.
O jogo começou num ritmo algo lento, com o adversário a mostrar-se muito bem organizado e empreendedor, e com o Benfica a deixar jogar, sem pressionar o portador da bola e, em consequência disso, sem ter posse de bola.
As iniciativas de ataque eram mesmo do adversário e, por isso, antes de completado o primeiro quarto de hora, já eu desesperava com a nossa prestação. E até à passagem dos trinta minutos as coisas não se alteraram rigorosamente nada. É verdade que o Paços de Ferreira não criava perigo, mas, pelo menos, procurava fazê-lo. O Benfica, pelo acontrário, ia deixando correr o marfim.
Só à passagem do minuto 35 é que surgiu a primeira ocasião de algum perigo, com Lima a fazer um bom remate, que acabou por sair ao lado da baliza pacense. E Aimar, aos 45, acabou por repetir a dose, sendo que, desta vez, o remate passou bem a rasar o poste de Cássio. Muito pouco para o que seria lícito esperar...
No reinício, a equipa veio um pouco mais expedita e, como consequência disso, Gaitán teve uma boa ocasião para marcar, logo aos 2 minutos, mas atirou fraco, e à figura do guarda-redes. Mas a equipa estava mesmo mais mexida e, num ápice, Cosme Machado foi obrigado a admoestar dois pacenses com a cartolina amarela. Digo foi obrigado, porque não tinha mesmo como não o fazer; se tivesse podido, não os admoestaria, como aconteceu ao longo da primeira parte, de forma escandalosa, pelo menos em duas ocasiões. Em compensação, num espaço de três minutos - entre os minutos 41 e 43... - tinha amarelado André Gomes e Aimar (esses jogadores violentos e quezilentos!...) por, supostamente, terem impedido jogadas de contra-ataque. O pormenor relevante é que os cartões foram mostrados em jogadas que se desenrolaram bem dentro do meio-campo do Paços, ou seja, a mais de 60 metros da baliza do Benfica! Filho de puta, é o mínimo que se lhe pode chamar!!!
Aos 58 minutos o Benfica chegou ao golo. Bela jogada de Salvio, na direita do ataque, incursão quase até à linha final e cruzamento, rasteiro, para a zona da pequena área, onde acorreu Lima a encostar o pé e a fazer o golo inaugural.
O adversário acusou o golpe e, tendo de correr atrás do prejuízo, abriu espaços no meio campo, onde tinha estado muito compacto, até então.
O Benfica estava agora rei e senhor do jogo, e deixava o adversário em dificuldades no meio-campo, sendo que a entrada de Ola John, para o lugar de Aimar, um minuto antes do golo, ajudava bastante a desequilibrar a luta, do nosso meio-campo para a frente.
Aos 70 minutos, o médio oefensivo pacense Vitor entrou de forma violenta sobre Gaitán e (que chatice!...) Cosme Machado lá teve que lhe mostrar o cartão vermelho directo. Gaitán também acabou por ser substituído por Rodrigo. Em boa hora, diga-se, porque Rodrigo veio dinamizar bastante o nosso jogo ofensivo. É verdade que agora estávamos com mais um em campo, mas isso não tira qualquer mérito a Rodrigo.
Aliás, foi na sequência de um remate de Rodrigo, aos 75 minutos, feito depois de uma arrancada que o levou a ficar em posição quase frontal à baliza, ligeiramente descaído para a direita do nosso ataque, que surgiu o 2-0. Depois do remate de Rodrigo, que Cássio sacudiu para a sua direita, com muita dificuldade, apareceu Ola John a rematar colocado, junto ao poste direito da baliza do Paços, para o fundo das redes.
E, depois desse lance, Rodrigo rematou por mais duas vezes, com muito perigo, à baliza do Paços. Uma aos 79 minutos e outra três minutos depois. Na primeira ocasião, após uma bela desmarcação, a acorrer a um passe de Ola John, em chapéu, sobre a defesa pacense, Rodrigo parou no peito e, sem deixar cair a bola, desferiu um remate, de pé direito, que passou ligeiramente por cima da barra da baliza. Na segunda, o remate foi fulminante, de pé esquerdo, mas passou ligeiramente ao lado do poste.
Em suma, foi uma exibição que deixou a desejar, em especial na 1ª parte, mas que resultou numa vitória segura e inequívoca, e muito importante para a equipa, quer pelo passo que significa na direcção da final da Taça de Portugal, quer pelo acréscimo motivacional e de confiança que tráz à equipa.
Em termos individuais, além de Rodrigo, gostei da exibição do Lima, sempre esforçado - e novamente decisivo!... - não apenas pelo facto de ter marcado, mas porque atacou, defendeu, jogou e fez jogar, e continua a revelar uma humildade que tem de se enaltecer. Também André Gomes esteve muito bem. Foi lutador, empreendedor e tacticamente eficaz, apenas lhe faltando algum traquejo na abordagem dos lances, onde facilmente lhe ganham faltas.
Matic, Salvio e Gaitán estiveram globalmente bem, sendo que Matic se revela, cada vez mais, como um jogador imprescindível no equilíbrio do meio-campo. Já Aimar continua muito abaixo do que espera de um jogador da sua craveira. É verdade que vem de uma longa paragem e que tem muita falta de ritmo; mas, em minha opinião, continua a abusar do facto de ter uma qualidade técnica reconhecida... mas que não se faz sentir em campo. Resultado: perde jogadas em catadupa e permite contra-golpes que, por via da nossa vocação atacante, trazem sempre algum risco. Aimar parece-me que está, claramente, naquela fase da carreira em que tem de ir jogar para onde possa evoluir em campo de forma pausada, e pensando calmamente o jogo; por aqui, isso vai sendo cada vez mais difícil de fazer...
Na manobra defensiva, os laterais - Melgarejo e André Almeida - estiveram aquém das necessidades, permitindo que o adversário jogasse pelos flancos com algum à-vontade. Com o avançar do jogo - e com os puxões de orelhas de Jorge Jesus... - as coisas regularizaram um pouco. E quando André Almeida deu o seu lugar a Maxi Pereira, já depois do minuto 80, não se lhe podia fazer críticas. Os centrais estiveram eficazes, com especial relevância para Luisão, que secou os adversários que se lhe abeiraram. Garay também esteve bem, mas não acabou o jogo sem que voltasse a fazer um daqueles disparates que começam a ser habituais, metendo a bola nos pés de um adversários, na nossa zona defensiva. Artur esteve eficaz. É bom que esteja, porque naquela posição não se pode falhar. E ele tem falhado vezes demais para quem é guarda-redes do Benfica...
Amanhã volta o campeonato.
Voltamos à Luz e eu espero, também, que volte a qualidade e a intensidade que somos capazes de ter. E que precisamos de ter...
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