domingo, 17 de abril de 2011

De olhos fechados...


Estou como o Luisão: de olhos fechados, a querer acreditar num milagre...

Na 5ª feira, em Eindhoven, viveu-se mais um penoso/desgastante episódio no nosso futebol actual. Por um lado, conseguimos um empate que bastou para os nossos objectivos mais imediatos; por outro, tivémos uma partida em que até nem começámos mal, resvalávamos para pior, estivémos à beira do abismo (2-0), depois tivémos alguma felicidade em marcar ao cair da primeira parte (Luisão), equilibrámos a contenda (mesmo jogando mal...) e, no final, até nos podemos queixar de alguma infelicidade por não termos saído da Holanda com a vitória no jogo.
Percebe-se? Não? Eu, sinceramente, também fico muito baralhado (e preocupado...) com as nunaces das nossas exibições, prestações e resultados...

Mesmo a mais de 48 horas do final do jogo com o PSV Eindhoven, continuo aturdido com as (reais) incidências do jogo, nomeadamente:
a) Como é possível começar tão bem o jogo, criando jogadas bonitas e oportunidades flagrantes (não concretizadas...) e, no imediato, essa dinâmica desaparecer por completo?
b) Como é possível jogadores de grande rendimento e regularidade (como, por exemplo, Maxi Pereira...) terem períodos do jogo tão paupérrimos como aconteceu na passada 5ª feira?
c) Como é possível consentir dois golos, num curto espaço de tempo, sem que se tenha oferecido um mínimo de oposição, credível, ao adversário?
d) Como é possível uma sucessão tão volumosa de erros individuais e colectivos, em tempos e espaços inadmissíveis, sabendo-se que os mesmos poderiam (como foram...) ser aproveitados implacavelmente pelos adversários?
e) Como é possível que alguns jogadores se permitam a uma postura de completo laxismo e inacção, nomeadamente quando são batidos e ultrapassados em pelos adversários mais directos, abdicando totalmente da luta desde o momento em que são vencidos?

Infelizmente, o Benfica é um adversário fácil demais para um equipa que actue como tal, que pressione e dispute o jogo no campo todo, que discuta cada lance até ao limite. Somos, hoje, uma equipa que tem inegavelmente uma gama de recursos técnicos de grande qualidade, mas, também - porquê, não sei... - uma forma estupidamente macia de jogar, um modo quase suicida de (não) disputar os lances, um rol infindável de erros individuais e colectivos, uma atracção especial por fracassar quando tal seja absolutamente proibido, enfim... uma predisposição incompreensível para defraudar expectativas e contrariar os mais recônditos desejos de sócios, adeptos e simpatizantes!

Ao ver o Benfica jogar, hoje, apreende-se a imagem de uma equipa insegura, pouco obejctiva, com um grave défice de confiança, que joga muito para trás e para os lados, e muito pouco para a frente, com jogadores que se decidem por opções desconformes e nada produtivas (como rematar à baliza do meio do campo, ou, ao contrário, não assumir um remate em zona frontal...), numa espiral de infelicidades que angustiam e deprimem a nação benfiquista.
Jorge Jesus bem podia estar convencido que dando descanso aos titulares estaria a semear para colher melhores frutos. Continuo inteiramente convencido do contrário. A meu ver, a equipa precisa mesmo é de jogar, cimentar rotinas, ganhar confiança e interiorizar um alto ritmo competitivo, habituar-se a ganhar...
Ver Maxi Pereira, ou Cardozo, ou Javi Garcia, ou Carlos Martins, entre outros, jogar como jogaram na 5ª feira passada, é uma dor de alma. Como diz o povo, é na forja que se molda o aço, e na luta que se ganha a unidade!

Este domingo, com o Beira-Mar, estou muito curioso para ver se Jorge Jesus terá, finalmente, começado a acordar.
Estou de olhos fechados, a querer acreditar num milagre...

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