domingo, 28 de novembro de 2010

E pluribus unum!


Desde o jogo da passada 4ª feira, em Israel, tenho-me sentido envolvido num turbilhão de sentimentos, algures entre a planície da resignação e a cordilheira da revolta.

Os dirigentes, equipa técnica e jogadores, também não ajudaram em nada. Entenda-se, a apaziguar a intempérie e a orientar as velas na direcção mais favorável.
De facto, num primeiro momento, a sua ausência e total silêncio doeu quase mais do que a humilhante derrota e consequente eliminação da Champions. E quando falaram foi para sacudir a água do capote, arranjar desculpas para o indesculpável e, como sempre tem sido, até agora, assobiar para o lado, não assumindo, com a determinação que se exigia, as medidas e atitudes indispensáveis para ultrapassar o mau momento.
O Presidente diz que o treinador tem a equipa que quis ter. O treinador, sem assumir o seu descontentamento, diz que não se pode descrer de jogadores de quem outros dizem ter valor. Os jogadores, quais virgens ofendidas, reagem mal a quem os critica pela sua prestação, que, contudo, reconhecem estar aquém da devida e legitimamente esperada. Os sócios e adeptos esgrimem argumentos a favor e contra, e esmeram-se em rotular de mau, e de bom, benfiquista, quem critica, ou apoia a actual gestão.
Qual o denominador comum de todas estas situações? Claro que, como se percebe claramente, cada qual está a olhar para o seu umbigo, para o seu posicionamento face ao problema, de forma egoísta e abjecta, esquecendo o lema do clube: E pluribus unum!
Esse é - esse tem sido, nos últimos anos!... - o verdadeiro problema do Benfica. A perda da inequívoca identidade de grupo, do espírito de equipa, do sentido colectivo, e a emergência das vaidades pessoais, dos projectos e ambições individuais desmedidos - muitas vezes alimentados, e até motivados, por agentes terceiros, movidos por interesses económicos e/ou por serviços em favor de outros... - têm conduzido à galopante descaracterização do universo benfiquista e ao desaparecimento dos seus valores de referência: uma vontade imensa de vencer, uma garra sem igual, a luta até à exaustão e uma crença sem limites.
O Benfica sempre foi um clube abnegado nas suas disputas, digno nas vitórias e nas derrotas, e humilde no seu viver. Foi... e tem de voltar a ser.

Só com muita disciplina, total entrega e grande humildade, voltaremos a ser o verdadeiro Benfica.
Só esse será capaz de nos arrebatar verdadeiramente, inflamar a alma com a chama imensa
                    Que nos conquista
                    E leva à palma a luz intensa
                    Do sol que lá no céu
                    Risonho vem beijar
                    Com orgulho muito seu
                    As camisolas berrantes
                    Que nos campos a vibrar
                    São papoilas saltitantes.

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