Não me lembro, nos últimos tempo, de nenhuma outra situação em que o Benfica tenha perdido quatro jogos consecutivos. Nem mesmo quando não tínhamos dinheiro para mandar cantar um cego, quando a nossa equipa era de qualidade paupérrima e andávamos posicionados pelo sexto lugar da classificação...
Infelizmente, lá bem no fundo, temia que este descalabro pudesse acontecer. A pré-época não deu as melhores indicações, e vejo os jogadores, técnicos e dirigentes, com uma atitude bem diferente da do ano passado. Menos aguerridos, pouco alegres, tensos e, mesmo, alguns deles, com ar contrafeito. Alguém tem que tomar as rédeas da situação. Não sei quem, porque não tenho relações internas que me permitam dar palpites. Mas que é urgente fazer algo, lá isso é.
Tinha escrito ontem que, esta noite, não esperava outra coisa que não fosse um jogo que honrasse a história do clube, que dignificasse o Manto Sagrado e que orgulhasse os benfiquistas. E, sinceramente, nos primeiros momentos até parecia que isso ia acontecer. Porém, por volta dos vinte minutos de jogo, já eu não tinha grandes expectativas acerca do mesmo. Poderia, até acontecer a vitória, mas começava a ficar claro que seria sempre um jogo pobrezinho.
E porquê? Porque se começavam a falhar muitos passes no meio campo, dando quase invariavelmente origem a jogadas de contra-ataque e permitndo ao adversário jogar mais no nosso meio campo. Porque se começava a ver que Cardozo ia estar a léguas do que seria desejável. Porque Gaitán, mau grado algum virtuosismo, também era praticamente ineficaz. Porque Roberto voltava a confirmar as indicações de grande insegurança e de falhas inadmissíveis. Porque Javi Garcia não se mostrava capaz de dominar a nossa área de defesa avançada. Porque Maxi Pereira e Rúben se atropelavam continuamente, sem perceberem onde deveria estar cada um, fosse a atacar, fosse a defender. Porque muitos jogadores se permitiam fazer faltas desnecessárias, especialmente nas imediações da nossa zona defensiva, acumulando alguns punições disciplinares e dando ocasião a lances de bola parada sempre potencialmente perigosos, atendendo ao conhecido facto de os nossos jogadores (todos, especialmente os defesas e Roberto...) chegarem quase sempre mais tarde do que os outros à bola. Enfim, porque se confirmavam as más indicações deixadas na pré-época. É verdade que aconteceu uma perdida incrível de Gaitán, de baliza aberta, e mais um ou outro lance de perigo, mas nada de realmente significativo.
Depois, na segunda parte, aconteceram duas fífias monumentais do Roberto e surgiu um Benfica sem capacidade de reagir à desvantagem. A excepção foi, como tem sido habitual, Fábio Coentrão e, a espaços, David Luís. Pela negativa destaco, em primeiríssimo plano, Roberto, bem como Cardozo, que esteve muitíssimo longe do expectável. Aliás, a equipa esteve quase toda muito desinspirada e complicativa, como aconteceu com Saviola (falhou imensos passes...), Aimar (sem conseguir pegar no jogo...), Rúben Amorim (que andou sempre perdido em campo, especialmente enquanto dividiu o corredor direito com Maxi Pereira...) ou Javi Garcia (falhas a defender, ausência a atacar...).
Jorge Jesus também não esteve ao melhor nível, embora eu possa imaginar o que lhe terá passado pela cabeça ao longo do jogo, com as incidências que se foram sucedendo. Parece-me que a equipa inicial dispensava, claramente, ou o Rúben Amorim ou o Maxi Pereira. Jogar com os dois é duplicar. Fez falta um flanqueador. E se Gaitán poderia jogar à direita (em minha opinião foi desse lado que esteve melhor), então poderia ter jogado o Aimar sobre a esquerda e entrar o C. Martins para o miolo, ou apostar no Wedon (rapido e com boa técnica) bem colado à lateral, mantendo Aimar no meio. A cereja no topo do bolo foi a entrada de Nuno Gomes!...
Já agora, abro um parêntesis para deixar uma sugestão: dêem oportunidade ao Mantorras de ir fazendo uns minutos. É que, sinceramente, ele é muito mais eficaz do que, por exemplo, o Nuno Gomes.
Enfim, foi uma desilusão muito grande. E como vai doer até esquecer...
PS - A propósito, também me doeu particularmente ver, no fim do jogo, alguns sorrisos de jogadores da nossa equipa. Decididamente, não sentem o Benfica nem com a décima parte da intensidade com que eu o sinto...
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