Deve ser isso, deve...
A derrota, em S. Petersburgo, com o Zenit (3-2) está a ser tratada como se tivéssemos feito um grande jogo... e um grande resultado. Então, das duas uma: ou a minha televisão está avariada, ou vi um jogo diferente do que outros viram!
O que eu vi, foi, basicamente, o seguinte: um Benfica encolhido, com jogadores a velocidades diferentes, alternando momentos medíocres com momentos maus; uma defesa a abanar por todos os lados, e um guarda-redes a acompanhar esse samba; uma acção atacante sempre muito mastigada, com os jogadores a rematarem mais no ar do que na bola e a serem confrangedores no momento da verdade; e, finalmente, uns russos a darem porrada de criar bicho, mas também a jogarem como se fosse o último jogo da vida deles, e a quererem, mesmo, ganhar o jogo.
Passo-me quando ouço desculpas (de merda), para o jogo (de merda) que fizémos! Estava muito frio? É verdade. Para nós... e para os russos! O campo estava um batatal? É verdade. Para nós... e para os russos! E a verdade é que eles até fizeram jogadas de bom recorte e marcaram dois golos de execução técnica difícil, um deles de calcanhar, com o jogador em progressão longitudinal relativamente à nossa baliza...
Sobre o jogo jogado, há pouco mais a dizer. Jorge Jesus voltou a inventar, colcocando dois pontas de lança mas, depois, pondo a equipa a jogar a passo e sem progressão pelas laterais que os servisse. Para dar um ar de graça da sua maestria táctica - não fosse alguém deixar de notar isso... - deixou Nolito (que JJ deve continuar a ver jogar mal e a não fazer golos decisisvos, ou assistências para golo!...) no banco, e chamou Bruno César, que passou o jogo sem se fazer notar. A defesa voltou a ser o passador que venho assinalando de há uns tempos a esta parte. No meio campo defensivo, Matic esteve ao seu nível, ou seja, teve sempre a bola embrulhada com os pés, maltratando-a e entregando-a sem a devida qualidade. Artur acompanhou a dança, não acrescentando qualquer valor à acção. No 2º golo do Zenit foi, até, muito mal batido... (Se fosse o Roberto, iamos passar mais uns dias a ouvir lamentações por conta dos milhões gastos na sua contratação...).
Emerson foi aquilo que tem sido sempre: um furo autêntico, sem qualidade, nem consistência, a defender, e pouco esclarecido no ataque. Curiosamente, hoje até subiu uma ou duas vezes, e fez o cruzamento de que sairía, depois, o golo que faria o 2-2. O pior é que, depois, os russos consolavam-se a usar o seu corredor para chegarem facilmente à nossa área. Não foi por acaso que (mais uma vez!) foi desse lado que saíram os lances para os dois últimos golos dos russos. No centro da defesa, Luisão esteve mais certo do que Garay. Talvez a chamada à selecção tenha feito mal ao argentino, mas o que é facto é que este é o quarto ou quinto jogo consecutivo em que fica mal na fotografia. Hoje, a forma como foi ludibriado no lance que dá o 2º golo dos russos (com um chapéu alto, feito de calcanhar, da linha de fundo para o interior do campo) é patética. Maxi Pereira esteve bem quase sempre. mas estragou a sua exibição com a não-intervenção no lance do 2º golo russo (deixa o atacante fazer o desvio, de calcanhar, depois da bola ter estado ao alcance de ambos), e com a não concretização do corte, no lance que deu o 3-2, antes endossando a bola para os pés do russo.
Do meio campo para a frente, Gaitán prometeu, inicialmente, mas o jogo veio a mostrá-lo sempre muito individualista, perdido em fintas e fintinhas (que resultavam, invariavelmente em perda da posse de bola...), acabando o jogo completamente fora das operações. Foi, até, substituído, nos últimos minutos, pelo Miguel Vitor. Witsel esteve razoável na cobertura defensiva, mas foi muito lento e previsível na saída para o ataque. Rodrigo esteve interventivo, até ser brutalmente agredido pelo filho de puta do Bruto Alves - que continua a ter permissão para jogar como jogava no clube da fruta e do putedo. Rodrigo acabou mesmo por ser substituído pelo Aimar, à passagem da meia hora de jogo, depois de não recuperar da violenta entrada do filho de puta amestiçado. Aimar tentou tomar conta do jogo ofensivo da equipa, mas como nem todos estavam para aí virados, não produziu nada que desse frutos. Cardozo esteve em campo, e apenas isso. Marcou o livre de que resultou a recarga do Maxi Pereira, para fazer 1-0, e empurrou a bola para dentro da baliza, no nosso 2º golo. Pelo meio, rematou imensas vezes nas orelhas da bola, levou porrada pelas costas, falhou passes a devolver a bola aos companheiros, enfim... nada de especialmente aplaudível.
Para o que se jogou, o resultado até foi bom.
O que é diferente de dizer que fizémos um bom resultado, como muitos estão a querer fazer crer. Estou, até convencido, que vamos ficar por aqui, na Champions. Sempre defendi que a eliminatória tinha que ser ganha lá, no jogo da 1ª mão. Por duas razões: primeiro, porque, na Luz, sofremos muitos golos, mesmo de equipas mais fraquinhas; depois, porque o nosso ataque falha muito e, simultaneamente, o Zenit defende em bloco e com grande agressividade.
No dia 6 de Março gostaria de estar aqui a escrever que, afinal, não tinha razão...
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