Independentemente da vitória (4-1) sobre o Setúbal, o jogo do passado sábado voltou a trazer à tona aspectos menos agradáveis, que todos gostávamos de ver definitivamente afastados...
O jogo começou complicadinho, com algumas das nossas unidades algo desconcentradas... e mesmo displicentes.
Em resultado dessa postura, logo ao minuto 7, apareceu um jogador adversário à vontade sobre a meia-lua da nossa grande área, a semear confusão e, sem oposição de maior, a rematar para a baliza. Na trajectória da bola estava Luisão que, metendo a cabeça, a desviou para o fundo da baliza, com Artur sem nada poder fazer. Estava feito o 0-1, com uma facilidade assustadora...
É verdade que daí em diante o jogo só teve um sentido: o da baliza do Setúbal. Contudo, umas vezes por inépcia nossa, outras por grande inspiração do guarda-redes adversário, o golo ia tardando a aparecer.
... E teve que ser, outra vez, Nolito, aos 25 minutos, a abrir o caminho para o que parecia começar a complicar-se. Tem de se referir que Nolito é um jogador de grande garra, que joga a um ritmo intenso e surpreende pela criatividade e diversidade de recursos que apresenta. Este golo foi um exemplo claro disso mesmo. Deslocou-se, com grande determinação, sobre a esquerda do ataque, recebeu impecavelmente um passe de Witsel, a rasgar toda a grande área e, sem que ninguém o esperasse (ou, talvez, quando se esperava que cruzasse para o coração da área...), eis que remata de pronto, de pé direito, para o poste mais longe da baliza adversária, batendo, com grande classe, o guardião sadino. Um golo à Nolito! Daqueles que dá gosto ver...
Um pouco depois do nosso golo, eis que o Setúbal se aventura a sair para o ataque e, da esquerda da nossa defesa, nasce um lance de perigo, com Artur a sair dos postes e a ir ao encontro da bola, paralelamente à linha de fundo, depois a ficar a meio caminho e, com isso, a permitir que um adversário tentasse fazer-lhe um chapéu. A bola foi caprichosamente ao poste e depois bateu em Artur, que entretanto regressava à baliza, saindo pela linha final. Enfim, um daqueles lances absolutamente escusados...
No minuto seguinte (33) Cardozo ganha um lance sobre a esquerda do nosso ataque, no limite da área setubalense e, com três adversários à ilharga, vai ajeitando a bola até rematar, cruzado, com o pé esquerdo, para o poste mais distante da baliza sadina. Estava dada a volta ao resultado, e o Benfica dominava, por completo, o jogo.
Aos 42 minutos, o guardião Diego mostra-se, uma vez mais, fazendo uma espectacular defesa, a um não menos espectacular remate de Rodrigo. Mas o Benfica acabaria mesmo por marcar mais uma vez antes do intervalo, materializando em golos o assédio à baliza setubalense. Aos 45 minutos, Cardozo foi lançado em profundidade, pela faixa central do terreno e, embora apertado pelos centrais, desviou deles a bola e, à saída do duarda-redes, meteu-lha por baixo do corpo, dando ao resultado expressão mais consentânea com o jogo jogado.
A segunda parte trouxe um futebol mais pausado, menos consistente, mais desgarrado, mais displicente e com erros imperdoáveis, individuais e colectivos. Enfim, mais do mesmo...
Fruto disso, o Setúbal apareceu a tentar mais a sua sorte no ataque. E, com isso, foi abrindo espaços na sua zona intermédia e mais recuada, os quais o Benfica não aproveitou.
À passagem dos vinte minutos da 2ª parte o Benfica podia ter marcado, facilmente, por duas ou três vezes, através de Cardozo e de Rodrigo. O golo (4-1) haveria de surgir, aos 72 min., por Matic, que respondeu bem, de cabeça, a um canto marcado do lado direito do nosso ataque. Foi o primeiro golo de Matic com a camisola do Benfica. Espera-se que seja o primeiro de muitos!
Daí até final, já sem Nolito em campo (substituído aos 67 min. por Gaitán...), foi um descomprimir exagerado da nossa parte, propiciando ao Setúbal surgir algumas vezes em situações de finalização, muitas das quais em função de erros inadmissíveis da nossa zona média defensiva e, mesmo, da nossa defesa. Matic, por exemplo, perdeu uma bola para um adversário, em zona frontal à nossa baliza, deixando-o isolado, que só não deu golo pela rapidíssima intervenção do nosso guarda-redes.
Contudo, Cardozo poderia ter feito, de cabeça, o hat-trick, ao minuto 82, quando recebeu, no coração da área, um passe da direita do nosso ataque. Cardozo esteve mal, então. Tal como esteve três minutos mais tarde quando, dentro da área, caíu ao chão, entendendo o árbitro que o jogador havia simulado para lograr obter uma grande penalidade. E talvez tivesse tido razão...
Cardozo acabou por prejudicar a equipa. Não por sair mais cedo nessa partida, mas por ficar impedido de dar o seu contributo na partida seguinte...
Sem Cardozo, abre-se espaço para outro atacante... e/ou para adiantar mais Rodrigo no terreno.
Rodrigo foi, aliás, nesta partida, a par de Cardozo, Nolito e Witsel, um dos melhores em campo. Bruno César e Maxi Pereira estiveram menos exuberantes, mas cumpriram o seu lugar. Jardel e Luisão fizeram um jogo sem comprometer, e mesmo Emerson não comprometeu em demasia. Matic, apesar do golo que marcou, foi, talvez, o elemento mais fraco de toda a equipa. Artur também esteve algo titubeante, mas não comprometeu.
Saviola e Luís Martins substituíram, aos 80 e 88 minutos, respectivamente, Bruno César e Rodrigo. Jogaram pouco tempo e não trouxeram nada de novo à equipa. Saviola, que jogou mais tempo, está claramente num mau momento de forma. E Luís Martins não chegou bem a aquecer...
Enfim, um bom resultado... com uma exibição a merecer reparos.
Agora vem aí a Taça da Liga. E é preciso respeitar o adversário.
O Santa Clara, não estando obviamente a fazer uma boa época, tem bons valores e, curiosamente, faz sempre resultados muito equilibrados com o Benfica, como mostra a estatística.
E, sinceramente, estou um pouco apreensivo com tanta poupança anunciada...